sábado, 7 de maio de 2011

Porque eles querem impedir Salvador de “entrar nos trilhos” certos?

          Seja o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), seja o metrô ou o monotrilho – que também será implantado na cidade de São Paulo até a Copa do Brasil – parece já ser consenso a todos aqueles que participam das inúmeras discussões na busca por um transporte público e sistema de mobilidade urbana eficiente e de qualidade em Salvador que a melhor opção está mesmo nos transporte baseado em trilhos. Contudo, somente parece. Mais uma vez os interesses escusos do “lobby” empresarial e setores dirigentes do transporte público inter e intra-municipal de Salvador e região metropolitana tentam sobrepor-se aos argumentos lógicos de eficiência, viabilidade, economia custo/benefício, sustentabilidade ambiental e longo prazo de durabilidade apresentados.

 O Ministério das Cidades está investindo em Salvador R$ 570 milhões, via PAC Copa, mais R$ 2,4 bilhões do PAC da Mobilidade Urbana, além de ajudar com recursos na intervenção de estádios, rede hoteleira, aeroportos e portos, tudo visando à Copa do Mundo de 2014. Na área de mobilidade urbana, o governo do Estado vai entrar com contrapartida de R$ 195 milhões, informou o chefe de gabinete da Secretária de Desenvolvimento Urbano (SEDUR), Eduardo Coppelo.

Sete propostas de sistema modais foram apresentadas ao governo do Estado da Bahia, por consórcios e grupos empresariais imobiliários diversos. A escolha será feita por uma Fundação da UFRJ, a Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos – COPPETEC. Diversos parlamentares estaduais e municipais, a maioria deles ressalta-se, são a favor da implantação de veículos sobre trilhos na capital baiana, seja ele metrô, VLT ou monotrilho. No entanto, parece que nem a maioria parlamentar aparente, nem a opinião da sociedade civil soteropolitana, nem a opinião do governo do Estado parece ter influência sobre o prefeito e as empresas que gerem o transporte público metropolitano.

A instância administrativa municipal interfere diretamente no processo porque, apesar do fato que o financiamento será feito principalmente pela união e por meio de parceria público-privada (PPP), a prefeitura, que detém o controle do uso e ordenamento do solo municipal, precisa aprovar a decisão final. Toda a querela em torno da briga entre BRT (Bus Rapid Transport) e os veículos de trilhos explica-se por esse motivo.

O que resta ao final de todo esse quadro caótico, no qual vemos mais uma vez que os interesses econômicos privados querem colocar-se mais importantes que o interesse público dos cidadãos e da sociedade em geral, é a população civil interferir ativamente na decisão. Movimentos da sociedade civil organizada, como o que organiza a Petição Pública “Eu quero VLT em Salvador”, agem exatamente neste sentido. Para que mais uma vez, assim como ocorrera ao longo dos mais de 11 anos de construção do metrô de Salvador, o dinheiro do contribuinte não seja desperdiçado em superfaturamentos ilícitos ou obras fraudulentas e à população não reste apenas a passividade, assistindo a corrupção frear o desenvolvimento do Estado e do município de maneira tão peremptória e vergonhosa.                                                                                                                                                    

                                                                                                                                                Paulo Pereira [Movimento “Eu quero VLT em Salvador”]
 (Mestre em Lingüística, graduado em Letras e graduando em Jornalismo pela UFBA)

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